Temos que falar sobre isso

O Temos que falar sobre isso é uma página que veio para ajudar muitas e muitas mães. Já contei um pouco que sofri violência obstétrica e por isso quis fazer parte de um trabalho que vem para ajudar mães que como eu sofreram e ficaram se sentindo culpadas por muito tempo sem entender o que tinham passado ou que não conseguem se abrir.
Trabalho feito com muito amor pela Thais Cimino e ela mesma que conta um pouquinho de como tudo surgiu.


"Temos que falar sobre isso, surgiu de repente.
Esses dias li um artigo sobre depressão pós parto, e me deu um "plim": é isso! Temos que falar sobre isso!
Temos que falar da parte sombria da maternidade, da parte difícil, da parte que ninguém comenta, da parte que quase parece que não existe!
Não importa onde, quando, como: me atrevo a dizer que todas as mulheres passam por algum tipo de dificuldade durante o período perinatal. Seja durante a gravidez, seja no parto, seja no puerpério, durante a amamentação, na relação com a família, com esse bebê que temos que aprender a conhecer, a ler, a entender, a suprir, a nutrir, na relação com o marido-parceiro-companheiro(a).
Passamos a viver uma nova vida. Entramos em contato com a nossa sombra, nossos traumas, revivemos a nossa experiência de quando nascemos, de quando éramos bebês, da nossa relação com a nossa mãe, da nossa ideia do que é ser mãe. Temos que nos reinventar, reconhecer no nosso novo papel, ativar nossos instintos e conhecimentos ancestrais inatos, e para isso, necessitamos tempo, apoio, suporte, acolhida.
Infelizmente, muitas vezes as mães se encontram sozinhas, aflitas, sem muita ideia de onde se meteram, pensaram que podiam controlar e prever o que vinha pela frente, que criaram muitas expectativas sobre a maternidade, às vezes, influenciadas pelo que vende a mídia, o consumo e a cultura.
Não temos a menor ideia do que nos espera. E isso assusta. Dependendo da pessoa e da sua história, de forma mais leve ou mais arrebatadora. E nesse momento que caímos na realidade, que estamos frágeis, sensibilizadas, com os hormônios daquele jeito, uma quantidade enorme de mulheres se encontram desamparadas, ou mal acompanhadas de críticos e conselheiros de plantão.
Imagina a situação de dor, que possa sentir uma mulher que sofreu violência obstétrica, como tantas passam e ficam caladas. Ou a sensação de inadequação quando não se sentem vinculadas aos seus bebês, quando ao invés de toda aquela felicidade e amor que deveria sentir não chega nunca. E a dor de tentar amamentar e os seios sangram, e o bebê está com fome, e ela está exausta, ou o leite não vem ou ela tem uma mastite. E aquela mãe que planejou o parto perfeito mas a vida decidiu que não ia ser assim e ela se sente impotente, incapaz,  decepcionada. E a mãe que teve abortos anteriores e passou a gravidez aterrorizada de que poderia acontecer outra vez. E tantos outros milhares de casos e possibilidades… Essas mulheres, onde procuram apoio? Se procuram, onde encontram? Qual é a qualidade desse apoio?
Muitas tem medo de contar para o parceiro, para a mãe, para o médico, para a amiga ou quem seja, por vergonha, por insegurança, por medo de correrem o risco de serem consideradas incapazes de cuidar dos seus próprios filhos, e por estarem cansadas de serem rotuladas e julgadas.
E aí entra o "Temos que falar sobre isso", porque acreditamos que o primeiro passo para curar é falar sobre isso. E falando sobre isso damos a oportunidade de outras pessoas escutarem e se identificarem com o nosso caso, com a nossa história e pensarem sobre isso, e também falarem sobre isso. 
Para dar voz a essas tantas mulheres, criamos essa plataforma, para que de forma anônima, elas possam dar seus depoimentos, os Desabafos Anônimos, como eu chamo, compartilhando como se sentem sem serem julgadas. Para ajudá-las a encontrarem força e conforto em outras mães, para que juntas possam ver que as angústias que sentem são mais comuns do que elas pensam, que as dificuldades que se deparam não são exclusividade suas, mas um denominador comum para muitíssimas mães. Aqui queremos dar informação à essas mulheres. Queremos acolhê-las e escutá-las. Queremos que entrem em contato com os seus sentimentos e procurem ajuda de qualidade em programas sociais, em médicos, psicólogos, doulas, enfermeiros, enfermeiros obstetras, profissionais da saúde mental, grupos de apoio na sua região. (Convido a todos os profissionais interessados em apoiar o nosso projeto a entrar em contato conosco).
Às vezes aquela tristeza profunda que essas mães sentem é só o normal esperado nesses momentos tão sensíveis. Às vezes essa tristeza aumenta, não passa, se transforma em uma depressão pós parto.
Queremos orientá-las a que procurem ajuda, a que não se sintam culpadas, a que não tenham medo de enfrentar essas dificuldades e ultrapassar esses obstáculos.
Como mães podemos criar uma rede de apoio.
Os profissionais devem ter um olhar atento para as necessidades dessa mulher, estar mais próximos dela no período da gravidez e do puerpério, e quando necessário guiar para o tratamento adequado.
Chega de julgar, chega de colocar-nos umas em contra das outras, chega de criticar.
Vamos escutar, vamos dar voz, vamos acolher, vamos estar atentos, vamos ter mais cuidado com as mulheres, favorecendo e ajudando a que possam desempenhar a maternidade de forma tranquila, segura e confortável para, assim, criarem um vínculo saudável com seus bebês."

Tu encontras o Temos que falar sobre isso


E não esqueça de deixar seu Desabafo Anônimo para inspirar outras tantas mulheres que precisam do nosso apoio!

Daqui alguns dias vocês encontrarão o meu depoimento por lá, sobre exatamente o que aconteceu comigo e como isso foi complicado para o começo da minha vida materna.

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