Voltar a trabalhar

Imagem retirada da internet

Quando eu engravidei da Maria Luísa, eu tinha acabado de me formar e não estava trabalhando. Ela foi programada exatamente para esse momento que estávamos mudando de cidade e eu não conseguiria achar um trabalho para tão pouco tempo e estaríamos perto da família do meu marido.
Mas aí quando estás preparando tudo para o bebê chegar, tu sempre achas algo para fazer sobre esse assunto. Ver quartinho, organizar o chá de bebê, lembrancinhas de maternidade e parece que o tempo passa rápido. 
O bebê nasce e é aquela loucura, muito sono, poucas horas para dormir, fraldas para trocar, amamentar, até que tu te acostumas, teu bebê já começa a dormir melhor, já consegues ter uma vida e começas a sentir falta de trabalhar, de achar algo para fazer, mas sempre com aquele sentimento de que eles ainda são muito pequenos para desgrudarmos.
Só que eu tinha deixado tudo cronometrado, quando chegássemos na cidade nova, nos instalaríamos e eu encontraria uma escola para Malu ficar e eu começaria a estudar para concurso. Só que depois da maternidade nada pode ser cronometrado por uma mãe, nem tempo de banho, imagina o futuro. 
A Malu foi para escola, mas logo começou a ficar doente como já falei aqui. Voltou pra casa e eu parei tudo. Foi aí que eu comecei o blog, pois minha cabeça precisava ser ocupada.
Só que até o final daquele ano estava tudo ok, mas no outro ano isso estava me incomodando muito, ficar em casa só com o blog, mesmo ele tomando um bom tempo, não estava me ajudando financeiramente. Eu nunca me vi não trabalhando, antes eu até tinha a história de ser sustentada e blábláblá, mas depois que casas, ainda mais com um militar, tu vê que isso é pura historinha, que ser mulher e cuidar da casa e dos filhos é uma ajuda financeira absurda, pois no momento que colocas o pé pra fora, pode ser que gastes mais do que ganhes tendo que colocar os filhos na escolinha e contratando alguém para limpar a tua casa. 
Mas eu precisava trabalhar, queria ter que sair de casa para fazer algo. Foi quando resolvemos conversar e ver o que seria melhor para todos, vi que se trabalhasse com o Direito, eu muito provavelmente teria que colocar a Malu integral na escola, por ter que trabalhar os dois turnos. E depois de muitos choros, muitos choros mesmo, eu decidi que ia "largar" o Direito e ia me dedicar a algo que sempre amei, a decoração de festas (mas o contrato fica muito bom.rsrsrs). 
As pessoas algumas vezes acham que é uma decisão fácil, mas no começo achas que estás colocando fora todos os teus anos de faculdade e eu ainda fiz numa faculdade federal, super conceituada. Imagina os meus colegas escutando isso... Foi muito difícil, mas aos poucos comecei a concretizar esse sonho, o primeiro passo foi o aniversário da Maria Luísa do ano passado, depois fiz uma parceria em Cachoeira com outra decoradora e fechei alguns contratos para esse ano. 
E assim tudo foi tomando forma, mas realmente só começou a sair do papel como eu queria esse ano e com isso aquela coisa de que vou ter mais tempo para minha filha, vai caindo por terra. 
Teoricamente meu dia é ficar com a Malu pela manhã, dar almoço e levar para a escola e depois trabalhar, mas quando trabalhas com clientes pela internet isso não é muito respeitado. Tem clientes que só conseguem conversar comigo pela manhã outros só à noite e aí começam os meus pequenos problemas.
A Malu resolveu agora fazer uma cara e dizer "tá trabalhando, mamãe?" e a cara é de maior tristeza. Na semana que íamos ficar toda no Rio, eu tive que voltar para Porto Alegre e o meu marido falou pra ela que tinha vindo para trabalhar. Quando cheguei no Rio novamente a primeira coisa que ela disse foi "tava trabalhando, né mamãe? Acabou o trabalho agora, né?". Precisei pegar o computador e ela disse "chega de trabalho!". E o meu coração fica em pedaços.
Eu não acho que esteja errada em trabalhar, na verdade acho que estou bem certa, pois eu trabalhando me sinto super bem e realizada e sei que não é para o futuro dela, é para o presente dela, para podermos passear agora, para podermos visitar os avós mais vezes, não são para coisas supérfluas e sim coisas importantes para ela, como ter o contato com quem ela ama.   
Tudo está crescendo aos poucos como deve ser, o blog também está começando a crescer e isso para mim é uma felicidade enorme. Mas para isso tudo acontecer eu tenho que me ausentar algumas vezes e ela sente, briga, reclama, se chega da escola e eu estou no computador já diz que "chega de 'computadori', mamãe!". Começamos a conversar para ver se ela entende que é para algo bom, para ela poder passear, mas nem sempre é convencida.
Como isso é difícil para uma mãe, porque esse sentimento de culpa sempre nos persegue?
Uma vez conversando com uma outra mãe numa loja ela falou que tinha esse problema com o filho, pois ele sempre perguntava quando ela ia sair "vai trabalhar?", ou ficava imitando a mãe dizendo "tô trabalhando!" e todo mundo achava a maior graça, mas aquilo doía demais nela. E eu que ainda não estava passando por isso, tentei entender, mas não consegui completamente, até que aconteceu comigo.
Não, eu não vou parar de trabalhar, pois sei que isso é uma fase e sei que esse é o momento de investir no meu trabalho, mas que dói, dói, toda vez que tenho que dizer que não posso brincar agora para trabalhar, que ela sai com o pai sozinha e eu tenho que ficar na frente do computador e quando ela briga comigo por isso. Eu espero que um dia ela entenda que tudo tinha um excelente motivo.
Assim espero...

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