Não tem discussão, é cesárea!

E hoje quem conta sua história é a Rafaela, minha cunhada e comadre duplamente, pois sou madrinha da Gi e ela é a madrinha da Malu.
E essa história é muito especial pra mim, pois conta o nascimento da minha afilhada que eu tenho um amor imenso e a história se liga ao que falei no último post e por causa dele minha cunhada resolveu contar um pouquinho do que ela passou.
As cesáreas são feitas para salvar vidas e nesse caso fez exatamente o seu papel, mas vou deixar que ela conte a sua história...

"Aproveitando o último post da Bina sobre partos, resolvi sentar e escrever o meu relato, que já tava devendo há um tempão!
A Giovanna, nossa filhota (minha e do papai Paulo) foi super planejada e desejada. Assim que nós decidimos engravidar, procurei uma GO e comecei a fazer uma série de exames pra ver se tava tudo bem comigo e para começar a tomar o ácido fólico. Porém, pouco antes disso, já vinha sofrendo com uma dor na cervical que me incomodava muito e, paralelamente às visitas à GO, comecei a frequentar o ortopedista e fazer exames na coluna também.
Os resultados nos exames do ortopedista não foram bons. Ele me aconselhou a procurar um neurocirurgião porque uma alteração bem grave nos exames (que eu não vou dizer o nome pra ninguém ir ao “Dr.” Google e me dar minha sentença de morte!) o preocupava muito. Saí do consultório em pânico. Só em pensar que não poderia ter filhos, ou se tivesse, que não poderia curti-los, me deixou em choque. Chorava muito, dia e noite, mas meu marido, que é Buda reencarnado, me acalmou e me convenceu a procurar a neuro e tirar a dúvida. Se fosse o caso, a gente adiaria a encomenda do bebê. Acabei indo numa neurologista que é quase da família, que me pediu uma série de novos exames, mais detalhados.
Nesse meio tempo, acabei engravidando. Quase explodi de tanta felicidade! Mas meu começo de gravidez foi muito difícil, tive hiperêmese gravídica, perdi 5 quilos no primeiro mês e fiquei de repouso absoluto em casa, à base de muito remédio pra enjoo, picolé de limão e pão de queijo.
Quando consegui voltar a sair de casa, voltei ao consultório da neuro e depois que ela viu os exames e confirmou meu diagnóstico. Imaginem que se passaram quase três meses entre os pedidos e a consulta! E no final da consulta, a única coisa que ela falou foi: “Bom, já que o neném tá aí, ele vai ter que sair!”.
Quem contou pra minha GO sobre o meu problema foi a minha neuro. Minha GO é ótima, todas as vezes que ia ao consultório, ela tirava todas as minhas dúvidas, sobre tudo, com a maior paciência. Ela sempre se mostrou favorável ao parto normal e, embora eu ainda tivesse com muito medo (da dor, de não conseguir fazer força, sei lá, de tudo o que geralmente “assombra” o parto normal), ela nunca teve pressa de me convencer por um ou por outro, me deixando à vontade pra escolher o que eu achasse melhor. Mas depois que a neuro conversou com ela, tudo mudou. Quando voltei pra consulta de rotina, ela me avisou que estava estudando a melhor maneira de fazer meu parto, que ia conversar com a equipe e que me dava uma solução na próxima consulta.
A essa altura do campeonato, eu já estava tão preocupada com a situação que já nem ligava mais de que jeito seria, eu só queria que tudo terminasse bem, pra mim e pra ela. Ledo engano... Eu descobri que ligava sim pro tipo de parto que seria quando ouvi, na consulta seguinte, o veredito da GO. “O seu parto vai ser cesáreo, com anestesia geral. Você será entubada e precisamos marcar logo a cirurgia, porque precisamos garantir vaga numa maternidade com UTI.”, ela me disse muito séria mas ao mesmo tempo serena. Acho que ela sacou que seria um baque pra eu ouvir aquilo. Não sei nem explicar o que senti naquela hora: medo de morrer, medo de não ver minha filha, indignação pela falta de alternativas, resignação por haver uma alternativa... Enfim, um misto de sentimentos inexplicáveis. Ela ainda me deixou à vontade pra pedir uma segunda opinião, mas senti que estávamos juntas nessa e confiei nela.
Mas no fundo, o que mais me incomodou (e incomoda até hoje), foi quando me toquei que não ia participar em nada do parto. NADA. Eu não ia ver minha filha nascer, não ia escutar seu primeiro choro, não ter ia ter aquela fotinho de família feliz com a bebê recém nascida, nada disso. Acho que quando essa ficha caiu, achei que ia ser “menos mãe” porque não ia ter esses momentos. Nesse ponto, eu fiquei péssima. Não conseguia me empolgar com o nascimento da Gi, não conseguia sentir alegria com a chegada da Gi. Ao mesmo tempo, não conseguia falar muito sobre isso com ninguém, porque no fundo, o pouco que eu falava já deixava minha mãe super preocupada com tudo.
Só conseguia conversar com quatro pessoas a respeito. O Paulo, claro, que tentava me deixar pra cima (mas que também estava uma pilha de nervos), com meu irmão, que sempre foi muito mais racional que eu e com dois amigos que eu amo e confio muito. E foram as palavras deles que me deram mais força nesse momento. A amiga disse que era besteira ficar triste porque eu não ia tirar foto com ela suja de sangue! Que ia ser muito mais legal tirar foto com ela já limpinha e arrumada, dentre outras coisas que me faziam rir. O amigo me disse que sim, eu ia perder esses primeiros momentos, mas que eu teria tantos e tantos outros que esses não iam fazer falta. Cada um, a seu jeito, me deu um apoio enorme e no último trimestre, eu voltei a curtir de fato a gravidez e a ficar ansiosa como qualquer mãe de primeira viagem! Comecei a curtir as roupinhas, o quartinho, os presentinhos!!

Pra resumir o que está longo, no dia 13 de março de 2010 a Giovanna chegou, às 10 da manhã em ponto, saudável e linda! Eu não precisei da UTI e voltei pro quarto ótima, algumas horas depois, sem maiores problemas. A primeira vez que vi a Giovanna foi pelas câmeras da família e até hoje eu lembro do meu irmão dizer baixinho no meu ouvido “Ela tem o nariz de batata igual ao seu!”. Só a conheci pessoalmente às 17h e até hoje quando eu “escuto” o barulho do carrinho trazendo ela pra mim, me emociono (tipo agora, que estou com lágrimas nos olhos). 

Ela mamou, segurou minha mão e sorriu, o sorriso mais lindo que já vi na minha vida! Naquela hora, nada mais importava só que ela estava ali, eu era outra pessoa e tinha achado o sentido da minha vida, cuidar daquela pessoinha que eu já amava tanto!" 


























Sim, cesárea é muito bom, pois salva vidas!!! 
E a Rafa não conta é a ansiedade da família que estava do lado de fora, esperando por notícias. O irmão dela, vulgo meu marido, estava preocupado, mas a gente fazia tudo para não transparecer para ela. Lembro que dormimos na casa da Rafa na véspera para irmos todos juntos para a maternidade e fizemos de tudo para que ela descansasse e só pensasse em coisas boas. 
E imagino que isso seja uma parte importante para tranquilizar as futuras mamães, mesmo que tu estejas o mais nervoso que estivesses na tua vida é a mamãe que precisa de atenção e de conforto. É ela a pessoa mais ansiosa no momento que recebe uma notícia que não queria ouvir, a sua parte é fazer com que ela veja sempre o lado bom e pensar positivo.

Obrigada, Rafa, por contar a tua história, pois ela será muito importante para outras mamães. 

Beijos
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