Sim, sou filha de mãe solteira!

Acho que nunca nem mencionei a minha história de vida aqui de antes da Maria Luísa, conto muito da minha vida pós descobrimento da gestação, mas minha história de vida antes, nadinha. Hoje achei que era algo importante falar um pouquinho, pois vejo mães aflitas, pois são mães solteiras, os "pais" que não se importam, não ligam e o mais importante, como será a vida dos seus filhos com essa situação.
Bom, vou ter que contar um pouquinho da vida da minha mãe, anos 80 e as mulheres queimando sutiã e tendo a absoluta certeza de que não precisam de homens (e não precisam mesmo, tirando para ter filhos e trocar o pneu do carro - brincadeira). Nesse meio, minha mãe engravidou do namorado (meu pai), ela descobriu que estava grávida quando foi fazer uma avaliação para fazer uma cirurgia e ela já não namorava mais ele.
Ela então achou melhor não contar a ele, ele soube da gravidez, perguntou se era ele o pai e minha mãe (lembrem, elas queimavam sutiãs) disse que não. Eu nasci e meses depois ela resolveu confirmar que eu era filha dele, e ele não quis acreditar ou lá sei o quê. 
Assim cresci sem pai, sem pai, mas não sem amor. Amor eu sempre tive de sobra, minha mãe me amou desde o primeiro momento que soube da minha existência, e lembrando que ela não era adolescente e sim uma mulher de 25 anos que trabalhava e se sustentava. Minha avó quando soube deu todo apoio à minha mãe e com isso a deixou fortalecida de que sozinha conseguiria tocar o barco. Meus tios tem um amor enorme por mim e minha mãe ainda escolheu padrinhos maravilhosos para me Batizar e me terem como filha.

Eu com a minha avó


Minha madrinha é tão presente em minha vida que a considero um pouco minha mãe. Ela sempre foi a maior incentivadora dos meus estudos, tanto que eu grandinha e o meu primeiro livro da faculdade quem me deu foi ela. Sem contar o material escolar de vários anos, uniforme e o que mais tivesse ao alcance dela.
E olha como eu sou abençoada, não tinha um pai presente, mas tenho 3 mães, a minha mãe, a minha avó (que já faleceu) e a minha dinda e ainda tenho o meu dindo que muitas vezes foi meu pai e tenho um amor enorme por ele e até hoje ele fala "tu és a minha primeira filha". Precisei de pai?! Não! Não posso dizer "claro que não", pois existem momentos de questionamento "eu sou tão amada por tantas pessoas e o meu pai não tem amor por mim?", "qual o motivo dele não me dar um presente?", "qual o motivo dele não ir a um aniversário meu?", "qual o motivo dele não querer ser meu pai?".
Muitos momentos não foram fáceis, minha mãe tentou ao máximo me proteger e também me aproximar dele, mas ele simplesmente não estava nem aí. Minha mãe, por essa proteção, não quis entrar com um processo judicial por achar que seria doloroso pra mim, pois ela tinha uma certeza, não era dinheiro que ela queria que ele me desse e sim amor. Amor não se compra, simplesmente se dá. Então se ele não queria, problema era dele que não sabia o que estava perdendo.



Mas eu tinha os meus questionamentos... lembro que uma vez uma professora da 2ª série super didática me obrigou a fazer um trabalho para o meu pai no dia dos pais. Desde sempre fui cabeça dura e disse que não ia fazer, pois eu não tinha pai e ela insistia naquilo me dizendo que eu deveria ter alguém pra entregar, eu tinha a minha mãe, mas eu já fazia no dia das mães. Foi a pior coisa que aquela mulher poderia ter feito, fiquei arrasada. Minha mãe até conversou com ela que deixou que eu não fizesse o trabalho, mas depois lembro de ter visto o trabalho dos meus colegas expostos e novamente fiquei mal. Lembro disso como se fosse hoje.
As professoras têm que saber se portar num momento como esse, ela não sabia pelo que eu já tinha passado... ela não sabia que quando eu tinha 5 anos fiz o "bendito" trabalho pro "papai" e quando fui entregar ele não estava em casa. Feliz da vida coloquei um dos trabalhos por baixo da porta da casa dele e logo depois a senhora que estava limpando o condomínio disse que ele tinha se mudado para outra cidade. Ele nem avisou a minha mãe, muito menos pensou em falar comigo. E eu tinha deixado o meu trabalhinho que fiz com todo coração pro nada, pra alguém que ia entrar ali e colocar no lixo. 
Mas vou falar uma coisa pra vocês mamães aflitas, não se preocupem, seus filhos serão mais fortes, seus filhos aprenderão a não receber um não e abaixar a cabeça. Eles aprenderão a lutarem pelo que querem, a se amarem mais e a terem certeza que podem sempre fazer o melhor e serem melhor, melhor seres humanos, pois eles serão pais maravilhosos que não irão querer que seus filhos passem pelo que eles passaram. 

Minha avó, eu, minha mãe e minha irmã (que um dia foi minha prima). Ainda falta o meu irmão que chegaria mais pra frente lá em casa.


A última vez que tive necessidade de saber do meu pai foi aos 11 anos e que ele novamente se recusou por advogados, a partir daquele momento eu aprendi a seguir minha vida sem um pai. Não ter vergonha de só ter o nome da minha mãe na minha certidão de nascimento , na verdade eu tenho um orgulho enorme em ser SABRINA DONATTI e só, agora eu tenho Bruno também que é do marido, mas isso vem em outra parte da minha história. 
Mas aí quando tudo estava certo, vem a vida e te mostra coisas novas, aos 16 anos houve uma reaproximação com o meu pai (na verdade aproximação), não por minha vontade e depois de anos soube que nem por ele, na verdade foi pela minha tia, irmã dele. Desde os meus 16 anos tenho contato com ele e com a família dele. Sim, pois até aquele momento nem contato com os meus avós eu tinha. Tenho uma madrasta e um irmão por parte de pai.
Posso dizer que é diferente... 
É estranho colocar isso, mas eu não sei se o que sinto é amor de filha por ele, até mesmo por que até os meus 16 anos eu não tinha um amor de pai ou um pai mais "presente". Ou o que eu tinha era diferente, pois era o que tinha e tenho com o meu padrinho e tudo se constrói com momentos, lembranças, carinhos... Meu dindo toda vez que me encontra e vê a Malu ou eu ainda grávida lembra que quando ele chegava lá em casa eu dava um cansaço de tanto que eu brincava com ele, me pendurava no pescoço... ele saía de lá suado de tanto que eu aprontava.
Simplesmente, eu agora tenho um pai que caiu de pára-quedas na minha vida aos 16 anos. 
O que foi bom, minha filha agora tem um avô por parte de mãe que é super presente, muito avô, ele tem um amor enorme por ela. Posso dizer que nossa real aproximação aconteceu quando a Maria Luísa nasceu, pois é a forma que ele encontrou de participar de algo que ele negou. Pra mim já é algo difícil, pois agora eu sou mãe e minha filha tem um pai maravilhoso, super presente, que troca fraldas, que acorda na madrugada, que arruma o cabelo dela daquele jeito, que dá comida, que leva pra passear... E isso é ser pai, não sei se vocês conseguem me entender.
O que eu posso dizer a vocês é que amor de mãe vale por dois, quando se junta avós, tios, padrinhos ele só tende a aumentar. Então não se importem com o amor que falta, pois esse em alguns momentos fará falta, mas será suprido com todos os outros amores. Eu aprendi que meio amor, não é amor e esse não faz falta, o que faz falta é amor inteiro, amor sincero e puro, se não for pra dar esse... que não dê nenhum. 

Uma parte da minha família por parte de mãe. Nessa foto eu já tinha Bruno no nome.


E acho que foi bom pra mim, pois se não era pra dar amor inteiro que chegasse o momento pra fazer isso e espero que seja isso que ele me dê agora, acho que sim...

Minha mãe, eu e meu pai na minha formatura


Minha história é grande e pulei muitas coisinhas, qualquer dia ou se vocês acharem que precise ser antes, eu conto mais um pouco.

Beijos.
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