A dor da mudança

Imagem retirada da internet

Como eu já comentei aqui, estamos nos mudando. Vamos embora para Porto Alegre no começo do ano, meses atrás era algo super esperado e pedido por nós, mas aos poucos isso foi mudando. Eu comecei a trabalhar, conhecer mais pessoas, fazer amigos e a vontade absurda de ir embora foi sendo abrandada.
Ela era cada vez mais abrandada quando via a Malu feliz com os coleguinhas da escola, com o sorriso que abria toda vez que chegava lá, com a preocupação das professoras com ela. Isso também ocorreu quando começou a fazer o ballet que tanto adora, com a recepção das meninas mais velhas e o carinho que a professora tem com a bebezinha da turma. A Malu já é reconhecida no supermercado e todos já a chamam pelo nome com um carinho absurdo. E assim foi ficando a nossa vida nesse ano em Cachoeira. 
Sei que para o marido é ótimo para a profissão dele e para nós também por estarmos numa cidade maior com vários amigos por perto, vários dos nossos padrinhos de casamento moram em Porto Alegre. Tudo parece ser maravilhoso, mas aí que vem a dor.
Como eu disse num post sobre escolher a escolinha, não acho legal levar o filho na primeira visita, mas com o nosso tempo super curto fizemos isso. A gente conseguiu agendar algumas escolinhas e escolas regulares numa manhã e não tínhamos com quem deixar a Malu e ela foi conosco. Ela amou duas escolas que também amamos, mas isso pesou na nossa volta pra Cachoeira.
A Malu sentiu que algo diferente está prestes a acontecer e estou com outra criança em casa. Sei que foram muitas mudanças juntas para cabecinha dela, ela tinha largado a chupeta fazia pouco tempo, estava desfraldando e em compensação ganhou uma gatinha, mas que também é uma mudança e mais a nossa mudança de fato. É claro que rolou uma tensão durante algumas semanas com a função toda de procurar apartamento e ela tendo que ir conosco pra Porto Alegre.
Depois do primeiro final de semana em Porto Alegre ela voltou outra, super chorosa, respondona e briguenta. Já mordeu alguns colegas, ontem, depois de eu pegar os uniformes dela da escola para vender no bazar da escola e eu explicar o motivo de levá-los, já que ela disse que eram dela, também me mordeu. Eu sei que as mordidas são pedidos de socorro e eu estou morrendo por dentro por causa disso.
Todo mundo me explicou como trocar fraldas, colocar pra dormir, diminuir a cólica, ensinar a fazer xixi no vaso, estimular a caminhar, mas nunca ninguém me explicou como lidar com a dor do filho por algo que não tens como mudar. Sempre escutava que filhos de militares se acostumam com a mudança, mas até ela se acostumar... Ela não entende que lá ela vai ter os avós mais próximos, já que minha mãe consegue ir com mais facilidade, meus sogros também e o meu pai mora lá. Ela não sabe quais são as vantagens de morar numa cidade grande, numa capital. Ela só está sentindo que está deixando o lugarzinho dela, os amiguinhos, a escola, as tias...
Ela já conhece os pais dos coleguinhas, mesmo quando os colegas não estão com eles. Ela olha um pai ou uma mãe e já fala, "ohh o pai do Guilherme", "ohhh a mãe da Isa", "o Chico já chegou, olha a mãe dele". Ninguém perguntou para ela se queria essa troca e cada dia ela me mostra que não queria. 
Ela amou a escolinha que provavelmente ela vá no próximo ano, a escolinha é ampla, tem várias atividades bacanas, uma pracinha enorme cheia de brinquedos, aulas de inglês, ballet... Mas ela não entende isso e eu nem sei como mostrar a ela que é bacana.
Não adianta alguém me dizer que ela vai se acostumar, ela até pode e provavelmente vá, mas até esse momento eu faço o quê com a dor dela? O que eu devo fazer para amenizar? E nesse momento ainda tenho que aguentar os campos do meu marido que tanto semana passada como essa os deixaram fora por alguns dias. Ela sente demais a falta dele, qualquer barulho na porta ela já fala "papai, papai" e eu tenho que dizer "papai está trabalhando, filha. Vai demorar pra chegar!". Tento até explicar como controlar o tempo de que ela tem que dormir hoje, dormir amanhã, ir pra escolinha e ele vai chegar. Saída da escola a mesma coisa, então no momento que deveríamos estar bem unidos, a profissão chama ele novamente e nos deixa longe. Ontem teve apresentação dela do ballet e ele não estava. Como fazer pra suprir essa falta?
Meu coração está em pedaços, espero que a partir de amanhã com a volta do Daniel pra casa e gente consiga mostrar pra ela que a nossa casa ainda será a mesma, mesmo com a mudança. Que ela terá novos coleguinhas que ela também vai amar e esperamos que seja por muitos anos mais. Que na cidade nova ela terá muito mais coisas legais para fazer e passear, Porto Alegre encanta pelas várias praças espalhadas pela cidade que ela vai poder correr muito. Mas até lá...
Coração de mãe sofre, chora, grita ajuda. Não é o terrible two e sim o terror da mudança, de sair do que já conhece. Sabe aquela história da rotina que eles precisam pra ficar bem para ficar mais calmos, então essa é a demonstração quando não se tem. Ela até tem a rotina dela em casa, mas todo final de semana está sendo mudada com as idas a Porto Alegre e a ansiedade de que algo novo está para acontecer, mas para ela é péssimo, pois ela ama a vida dela do jeitinho que está. O que fazer?!
Eu não sei, nem sei se alguma mãe tem o melhor caminho para isso, eu só sei que a dor dela é a minha e que quando chegar a despedida vou chorar muito, pois sei que naquele primeiro momento ela não vai entender, mas eu vou e dói mais, bem mais.
Obrigada por me escutarem!!!

Beijos. 
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