Um dia, numa conversa a Lívia fala que tem um enteado e comentando tranquilamente, assim vi que a relação dela como madrasta era muito boa e a pedi que contasse. Na mesma hora ela topou e eu entendi que ela não era a madrasta que tanto escutamos, ela é uma "boadrasta" e hoje ela conta a história dela aqui no blog.
"Você passa a adolescência inteira sonhando com o amor da sua vida, com o casamento, e
como tudo deveria acontecer. Enfim a vida adulta chega, e tudo acontece diferente, e comigo
foi muito mais diferente do que imaginei e sonhei, afinal, quem planeja ser madrasta?!
Conheci meu marido quando ele estava no fim do casamento. Praticamente tudo resolvido, ele
seguindo o seu caminho e a ex esposa seguindo o dela. Ela já comprometida, e ele
comprometido apenas com o filho, era isso que ele me dizia, que na vida dele seria apenas ele
e o Leo. Mas em poucos dias eu já estava apaixonada e com ele.
Tentei fugir! Não estava nos meus planos me relacionar com um homem com filho. Quando o
conheci, meu enteado estava com 05 anos, e meu marido também não queria relacionamento
sério e nem morávamos na mesma cidade. Eu no litoral de São Paulo e ele na capital de São
Paulo. Então, tínhamos quase tudo para não dar certo.
O tempo passou e fomos nos envolvendo mais. Conheci o Leo, meses depois conheci sua
família e passei a frequentar a sua casa. O Leo ficava com ele aos finais de semana e eu
também [risos].
No início, para mãe do meu enteado não deve ter sido fácil, em relação ao filho, mas graças a
Deus, ela não me desrespeitou, era só o ciúmes, ela só sabia da minha existência, mas não
sabia nada sobre mim.
Os dois primeiros anos foram decisivos para nós. Nesse período tive a oportunidade de
conhecer a mãe do meu enteado, um só encontro meu e dela. Conversamos sobre muitas
coisas, principalmente trabalho, que por sinal, foi o assunto que nos uniu nesse dia. Por conta
disso, passei a frequentar a sua casa e buscar o Leo aos finais de semana para levar para a casa
do pai.
Nesses dois primeiros anos, em relação ao meu enteado, que era muito novo, foi uma
descoberta para nós 3: eu , marido e seu filho. Superamos ciúmes do Leo, pensamos em nos
separar por esse motivo, mas sabíamos que o Leo gostava de mim, eu não tinha dúvidas disso.
Mas eu muito nova não, queria lutar por esse sentimento e por essa relação. No auge dos
meus 24 anos, pensava comigo mesma que não precisava disso, mas eu tentei e lutei por
amor.
Vencemos muitas barreiras e então resolvemos morar juntos e um tempo depois oficializar
nosso casamento. Nesse tempo, o Leo foi morar com o pai e formamos uma família.
Não tomei o lugar da mãe dele, nunca tive essa intenção, mas ele sempre me respeitou.
Cuidei dele e de suas coisas, como cuido do meu filho, mas no meu lugar de boadrasta.
Para o Leo, era demais ver sua mãe e madrasta juntas. Saímos algumas vezes para o Shopping,
fomos em festinhas só nós 3 juntos. Participei de festas da família por parte de mãe do Leo.
Almoçava na casa de sua avó por parte de mãe. Em viagens do meu marido, já dormi na casa
da mãe do meu enteado e fiquei até madrugada assistindo filme com ela e seu atual marido, e
detalhe, meu enteado viajando junto com meu marido, e eu tipo agregada na família da ex
{risos}. Tantos momentos que poderia citar aqui de uma relação de paz.
O Leo morou comigo e com seu pai por mais de 08 anos, e as pessoas sempre me perguntam
se a mãe não queria que ele morasse com ela. Como estávamos todos perto, e ela poderia vê-lo
quando quisesse, preferiu deixar o Leo a vontade para decidir onde ficar. O pai, muito
apegado, sempre quis o Leo por perto e eu apoiei, pois sei o quanto isso o faria feliz.
Leo tem 2 irmãos por parte de mãe, e o Gabriel, o mais velho, já dormiu aqui algumas vezes
em minha casa antes de ter meu filho. Isso para o Leo ficar perto do seu irmão, mas sob os
meus cuidados.
Hoje Leo não está morando conosco. Em 2014 fomos passar uns meses no RS e o Leo foi morar
com a avó por conta da escola. Hoje tem uma namorada que é da mesma cidade, o pai até
tenta trazê-lo, mas é mais difícil decidir pelo que está com 18 anos. O Leo vem toda semana
para a casa, seu quarto está intacto, e meu filho Filipe é apaixonado pelo irmão.
Falando em paixão, a família do Leo – mãe, irmãos, padrasto, tios, e avós, são apaixonados por
Filipe. Tratam meu menino com o maior amor quando encontram.
Esse é um resumo da nossa relação de paz e muito respeito. Já sofremos preconceitos por isso,
já falaram o que não deveriam falar, mas o que importa é a felicidade do filho.
Leo não cresceu com traumas como eu cresci, com a experiência negativa que tenho de pais
separados e madrasta. Tenho péssimas lembranças!
Como disse recentemente nas redes sociais, eu e a mãe do Leo, a Gabrielle, temos nossas
diferenças e estilo de vida diferente, mas quem é igual? Não somos iguais a nossas amigas, o
que temos é afinidade, e assim é comigo e com ela. Já oramos juntas, desabafamos, choramos,
rimos, nos ajudamos, ajudamos o filho, e somos felizes assim.
Após 12 anos, tenho uma família linda, e quando olho para trás, vejo que tudo valeu a
pena.
Final feliz!
Beijos,
Lívia Pacheco"
Gabrielle e Lívia |
Lívia eu só tenho que te agradecer por nos contar essa história tão bacana. Sabemos que algumas vezes não é fácil para os dois lados, mas o melhor é quando o amor pela criança vence e com certeza vocês fizeram isso de maneira linda. Muito obrigada!
A Lívia é do Blog Mamãe Virtual e vocês a encontram por aqui