Consumismo infantil


Meu trabalho de conclusão de curso no Direito foi sobre Legislação Publicitária dirigida à criança e ao adolescente, basicamente tratava sobre como combater uma publicidade agressiva que faz com que nossas crianças queiram consumir de maneira desenfreada. 
Ao fazer minhas pesquisas fui observando como nossos filhos são bombardeados por publicitários inteligentes que mandam mensagens como "se não tiveres vais ser triste", "tens que ter isso para ser legal", "quem não tem, não tem amigos" e assim por diante. Vi o quanto eu e tu fomos massacrados por trocentas propagandas que faziam com que incomodássemos nossos pais para termos aquela coisa.
Passamos por propagandas como "compre, batom", "pai, não esquece a minha Caloi", "eu tenho você não tem". Aí podes pensar que isso não te influenciou em nada... Será? Pense bem! 
Eu já contei aqui que sofri muito com a discriminação, uma das piores aconteceu quando 2 meninas me odiavam por eu não ter carro. Tudo se refletia no ter, no consumir.

E aí que passo para o próximo ponto, falarmos mal da publicidade dirigida à criança e ao adolescente, está correto, mas o que fazemos em casa para diminuir as consequências dessa necessidade de consumo? 
Olhe para o quarto do teu filho e veja quantos brinquedos ele tem? Pense em quantos tu achas que ele realmente precisa? E depois note com quantos brinquedos ele realmente brinca e se importa?
Tenho certeza que esse número começará bem grande e terminará bem menor, com possibilidades de contar apenas com os dedos das mãos.
Aniversários, Natais, Dias das crianças... quantos brinquedos tu dá aos teus filhos?
Aqui em casa, nós pensamos assim, menos é mais. Quanto menos brinquedos, mais atenção ela dará aos que ela tem. Então no Natal, Dia da Criança, Páscoa, Aniversário, ela ganha apenas 1 presente. No aniversário algumas vezes nem damos nada, já que ela ganha a festinha que custa caro.
Seria perfeito se outras pessoas não entupissem ela de muitos e muitos presentes. Sei que é amor e todos esses presentes são uma demonstração de carinho, mas ao receber muitos presentes, como aconteceu no Natal, tanto na casa de uma avó quanto de outra, a Maria Luísa ficou uma máquina de abrir presentes e esqueceu de curtir cada um que recebeu. 
Alguns presentes caros foram deixados de lado, por essa necessidade do querer mais, e isso que somos bem chatos com ela. Tanto que ela é uma criança que consegue entrar e sair de uma loja de brinquedos entendendo que em outro momento pode vir a ganhar algo, mas naquele dia não. 
Vejo que algumas pessoas dão muita coisa aos filhos por não terem tido quando pequenos e agora não querem que a criança passe o que eles passaram. Outras pessoas já dão por status do "eu posso pagar". 
Claro, que a segunda opção é muito pior e cria crianças completamente inconsequentes, mas a primeira opção cria crianças também mimadas e achando que podem ter tudo, mas mais na frente a vida ensina que não é assim. 

Imagem retirada da internet

Tenho total e absoluta certeza que não tive tudo que quis e muito fiquei triste por isso, mas entendia que minha mãe não me dava, muitas vezes, por não ter condições e outras era realmente para eu aprender a dar valor as coisas.
Pensem que coisa boa tu quereres muito aquilo por um bom tempo e depois ganhares por mereceres. Olha que legal a criança entender que ganhou algo por ter merecido, já que se comportou, passou de ano, aprendeu a comer sem reclamar ou qualquer responsabilidade parecida. 
Malu ganhou a tal e tão pedida Baby Alive no Natal, ficou feliz, mas junto ganhou tanta coisa que mal brincou com a coitada e eu vendo meu dinheiro voando pela janela. Agora a Baby Alive algumas vezes tem espaço entre as várias brincadeiras com uma boneca que era minha e tem mais de 30 anos, mas bem conservada (assim como a antiga dona.rsrsrs). 

De tanto em tanto tempo rola uma limpa nos brinquedos, algumas vezes ela nos ajuda a separá-los e sabe que é para doar para crianças que não tem nada. Outras vezes o negócio está tão crítico, como quando passa o aniversário, que nem esperamos sentar com ela e já vamos passando alguns brinquedos para frente.


Sei que eu farei como a minha mãe e guardarei alguns brinquedos dela para que ela tenha a mesma felicidade que eu tenho quando a vejo brincar com o que era meu, mas não posso deixar tudo que ela ganha ocupando espaço no quarto e aumentando o nível de consumismo desenfreado.
Maria Luísa quando está na frente da TV, agora, é um tal de "eu quero isso", "isso eu quero no Natal", isso eu preciso muito"... que se a gente resolver fazer uma lista, um caderno será pouco. Mas mesmo com a publicidade maluca que entope os nossos filhos de informações, somos nós os responsáveis por eles terem uma postura diferente e consciente. 
Muitas vezes não conseguimos entender, mas são momentos que fazem os nossos filhos felizes e são esses que estarão na saudade da infância e não o brinquedo tal, a roupa tal, o tênis tal. 
Alguns de vocês devem estar pensando "mas eu lembro com carinho de quando recebi tal brinquedo", será que não foi mais pelo tempo que tu esperou e provavelmente ele foi o único que ganhaste naquela ocasião? Querer muito, acho que esse é o ponto alto do comprar ou não comprar, fazer por merecer e assim ganhar. 

Aqui a Maria Luísa mesmo com os milhares de pedidos na frente da TV entendeu que não ganhará nada disso. Inclusive tivemos uma conversa onde ela entendeu que não ganhará mais nada absurdamente caro como a Baby Alive, pois ela mal brinca com a boneca e mesmo ela tendo demonstrado que queria muito, agora vejo que foi mais influenciada com a quantidade de propagandas do que pelo real querer. Esse ano o pedido ficou com apenas massinha de modelar. 

Achei um post bem interessante da Geisa do Blog Na Mira da Mamãe que fala sobre como ajudar o filho a ser um consumidor consciente, clica aqui.

Pensem nisso, é batido, mas é verdadeiro, ser é melhor do que ter e presença é melhor que presente!

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