Marina, um pequeno grande milagre (parte I)


Eu conheci a Izabella, mamãe da Marina, em 2012 no Rio de Janeiro, ela como eu estava acompanhando o marido militar em mais uma transferência, aquela apenas de 1 ano para um curso.
A Bella era uma das pessoas responsável por adoçar aquela Vila Verde com as suas delícias. Foi responsável pelo lindo bolo do batizado da Malu e ainda me deu um curso maravilhoso de cupcakes. 
A Bella é cheia de dotes, mas é psicóloga por formação e quando está no Brasil, atua muito bem na área.
Agora, ela, o marido Raphael e a pequena Marina, estão morando na Alemanha, mas logo, logo já voltam para o Brasil.
Mas vocês devem estar se perguntando, mas por qual motivo a Marina é um pequeno grande milagre...
Agora eu conto para vocês numa entrevista linda e emocionante que fiz com a Bella.
Mas como a história é cheia de detalhes farei dividida para vocês acompanharem melhor.

Só um breve relato para vocês terem uma ideia do que se trata essa linda história, a Bella e o Raphael engravidaram e decidiram fazer o enxoval da Marina nos Estados Unidos. A Bella estava com 25 semanas de gestação quando foram e a Marina decidiu que não queria mais aguardar para ver o mundo da barriga da mamãe e decidiu nascer em Nova Iorque... Daqui vocês já tiram um pouquinho do que vem por aí, mas ele começa bem antes disso. 

Mamãe em Construção: A Marina foi planejada? Quanto tempo demorou para conseguir engravidar?
Bella: Marina foi planejada, sim. Nós passamos 2 anos tentando engravidar, só que não estava conseguindo, por que eu tinha SOP (síndrome dos ovários policísticos) e hipertiroidismo e a junção dos dois não estava possibilitando que ocorresse a ovulação. Então ficamos 2 anos tentando engravidar com acompanhamento de ginecologista e endócrino, mas não conseguimos.
Eu não estava conseguindo engravidar, então nos últimos 6 meses antes de engravidar de Marina eu fiquei livre, fiz o tratamento pra SOP, estava controlada a tireoide e a gente ficou livre, na expectativa de engravidar ou não. E um desses dias eu passei muito mal, eu estava indo atender e me senti mal. Aí fomos para um posto médico e quando chegamos nesse posto médico a médica falou pra mim, você está com todos os sintomas de gestação, você está grávida, né?! E nós ficamos super felizes, só que fui fazer o exame de sangue que ela solicitou e deu negativo. E eu toda frustrada, pois eu sentia que estava grávida. Aí a gente foi para o ginecologista e ele achou melhor, por estarmos muito desgastados dessa espera, que seria a hora de começar o processo de fertilização. E aí como o meu exame de gravidez tinha dado negativo, ele passou as medicações para a indução de ovulação e ficou na expectativa de que eu tomasse essa medicação e assim que a menstruação descesse eu viesse para fazer ultrassom e a coleta dos óvulos.
E eu fui pra casa "agora vai dar certo", só que nada da minha menstruação vir, nada de descer. Eu já tinha deixado mais ou menos marcado quando seria a volta, a secretária me ligou e eu disse que nada de menstruar ainda. E ela disse que era normal. E eu tinha tomado a medicação para ovular e nada de menstruar.
Detalhe que nesse período foi orientado que a gente tivesse relações com camisinha para não atrapalhar a coleta dos óvulos. Então na minha cabeça não estava menstruando, eu não poderia estar grávida, então eu fiquei relaxada, eu disse "Ah deixa pra lá!" e toquei a vida normalmente. Até que na pós graduação uma colega de trabalho que era enfermeira me chamou, eu estava com um vestido longo, assim mais folgado, e falou assim "Tu já tá grávida, né? Eu sei que a gente não gosta de contar isso nos primeiros meses, mas pode dizer pra mim que tu já tá grávida." E eu disse "grávida? Tô não, mulher! Eu fiz um exame, deu negativo e aí agora estou na expectativa da coleta dos óvulos". E ela falou "não, Bella, você está grávida, eu conheço uma grávida de longe, veja como seu quadril já está largo, sua mama já aumentou de tamanho" e eu afirmando que era impossível, pois tinha feito o exame e estava tendo relações com camisinha. E ela me disse que ao sair dali eu comprasse um exame de farmácia e depois me dissesse se eu já estava grávida ou não, afirmando que conhecia uma grávida de longe.
Fiquei descrente, pois quando tudo não dá certo você começa a não acreditar em certas coisas. Fui comprar um almoço na volta da pós graduação e tinha uma farmácia na frente, aí falei "vou lá, não custa nada tentar" e comprei 2 exames de farmácia.
Coloquei dentro da bolsa e esqueci, só que quando foi à tarde eu fui fazer xixi e vi o exame dentro da bolsa no canto do quarto, aí resolvi testar. Quando fiz o exame de farmácia, na mesma hora que eu coloquei o palitinho deu gestação. Fiquei pensando como é que pode, desci toda feliz para contar pro meu marido, só que ainda falei para ele não criar expectativa, porque eu fiz às 4 horas da tarde, pode não ser. Sabe como é? Gato escaldado...
No outro dia pela manhã eu fiz o segundo exame e também deu positivo, super rápido também, aí eu fui para o posto de saúde para pegar solicitação para fazer o exame de sangue. Só que eu conhecia a bioquímica desse posto de saúde e ela me ligou ao meio dia, pois como eu estava numa expectativa muito grande e elas também, pois já me conheciam e sabiam que eu estava tentando engravidar, me ligou e disse que eu estava grávida , sim, e que no quantitativo tinha dado muito alto, então ou estava de algumas semanas ou eu estava com uma gravidez gemelar.
Só que aí veio a grande surpresa, eu já estava grávida de 10 semanas, vimos quando fui fazer a ultrassonografia e aquele exame que eu tinha feito um mês e meio atrás, eu já estava grávida ali e o exame de sangue deu negativo. Foi uma surpresa muito grande, porque a gente estava na expectativa de fertilizar e eu cheguei a tomar a medicação para a ovulação e ficou tudo bem, deu tudo certo.    

Mamãe em ConstruçãoA gestação foi tranquila?
Bella: Antes de descobrir, minha gravidez foi assintomática, eu não sentia nada, absolutamente nada. O pessoal diz que enjoa, tem muito sono, eu não senti nada, a única que aconteceu foi o dia em que a minha pressão caiu que foi esse dia que eu fui pro postinho e fiz o exame que deu negativo. Então eu toquei a minha vida normal.
A partir do momento que eu descobri que estava grávida, foi do mesmo jeito, eu tive uma gestação muito tranquila. Eu não senti enjoo, eu não tinha sono, eu tinha uma rotina de trabalhar de 7h30min da manhã até 10h30min da noite, então eu tinha uma rotina muito corriqueira, aquela coisa de saindo de um emprego para outro emprego e então, digamos, que eu não tive tempo de sentir essa gestação. Aquela coisa de dizer que está com sono, pelo contrário, eu fiquei mais ativa do que era antes.

-> A partir daqui as perguntas se entrelaçavam e por isso prefiro colocar todo o relato da Bella sem cortes para as perguntas.

Mamãe em ConstruçãoCom quanto tempo estavas de gestação quando viajaste para fazer o enxoval?
Bella: No dia que a gente viajou eu estava grávida de 25 semanas. Até então a viagem estava sendo muito tranquila, eu não tinha sentido nada e um dia a gente tinha saído pra passear e eu estava com muito frio, pois estava muito frio, acho que naquele dia Nova Iorque estava com -17º. E eu estava me sentindo assim contida, aí falei para o meu marido que era melhor ir para o hotel, pois eu não estava sentindo a Marina mexer, podia ser o frio, e que eu não estava me sentindo bem. Fomos para o hotel e quando chegamos eu fiquei tranquila, tomei um banho, relaxei, falamos com uma amiga pelo skype, conversando, mostrando o enxoval, tudo bem, não senti nada de diferente e fomos dormir.


Quando foi 2 horas da manhã, eu acordei sentindo uma dor muito intensa como se fosse uma vontade de fazer cocô, eu não sabia explicar, e falei para o meu marido que estava com uma dor muito forte, muito forte. E ele me perguntou como era essa dor, aí na mesma hora eu disse "passou". Aí eu voltei a dormir e quando foi mais um pouco eu acordei novamente com essa dor forte e fui no banheiro. Quando fui no banheiro veio um pouco de sangramento, só que eu conhecia amigas que tinham tido não sei quantos descolamentos de placenta que sangravam, aquela coisa toda, então eu comentei com o meu marido de que pudesse ser isso e disse que precisava ir no hospital amanhã pra verificar isso e voltei a deitar. E novamente eu acordei com aquela dor intensa de novo e quando eu acordei com essa dor intensa novamente, foi aí que me deu um estalo que a dor vinha e voltava, falei pro Rapha "eu tô com contrações, então acho melhor a gente ir pro hospital".
Meu marido acionou o plano de saúde e explicou que eu estava com uma dor abdominal que vai e volta. E o plano de saúde direciona você para uma urgência mais próxima ao hotel. E a gente pegou um táxi e foi para a urgência.

Quando chegou nessa urgência eu já cheguei praticamente em trabalho de parto, não foi tempo que levou pra chegar lá não, foi uns 15 minutos. Eu cheguei com contrações de 3 em 3 minutos. Só que não era uma urgência pediátrica, era uma urgência dessas urgências normais e na hora eles me conduziram para uma sala de espera, pois estava lotada, 3 horas da manhã. Era uma salinha de espera, não era uma sala de atendimento, pois eu estava chorando de dor.
E lá eles verificaram a minha pressão, que estava normal colocaram um aparelho de ultrassom e Marina estava com batimentos cardíacos também, pois eles fizeram isso para verificar se eu estava tendo um aborto e constatou que ela estava com batimento cardíaco e a enfermeira verificou que eu estava em trabalho de parto realmente e o médico veio para fazer o toque pra saber com quanto de dilatação eu estava. 
E quando ele veio para fazer o toque, na hora que ele fez o toque a bolsa rompeu.

Nossa vem um filme na minha cabeça...

Aquela água caiu com tudo, porque eu estava numa maca, no chão, um barulho de água caindo no chão. E o meu marido por trás perguntou o que estava acontecendo e eu disse que a bolsa rompeu.
E eu comecei a dizer "o bebê tá vindo! O bebê tá vindo! Tá nascendo! Tá nascendo!" E o médico desesperado gritando com o meu marido dizendo que a gente não poderia ter ido pra lá, por que essa urgência ela não tinha UTI neonatal, não tinha sequer pediatra de plantão e nem obstetra, era um clínico que fez o parto da gente. 
E nessa história de gritar "o bebê tá nascendo!", Marina nasceu. E eu não cheguei a ver e quem viu foi meu marido. Ele relata que ela não tinha nenhum movimento vital, quando nasceu não chorou e eles colocaram ela numa maca e ali começaram o processo de reanimação. E eu fiquei lá naquela sala e eles saíram com ela.
Essa é a única lembrança que eu tenho desse momento.


-> Eu sei que vocês estão querendo me matar, mas essa história real cheia de emoções continua...

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