Marina, um pequeno grande milagre (parte III)

3ª e última parte...


Passa mil coisas na sua cabeça nesse momento, quando eu cheguei na encubadora que a vi toda entubada, pequenininha, super frágil, aí que você se culpa, que você trocaria tudo por não estar vivendo aquele momento e você fica abalada em ver sua filha assim, pela primeira vez, daquele jeito. E quando eu quis chorar a médica disse "não, aqui não permitimos choro" e ela falou pra mim que a luta ia ser difícil, que a gente tinha que aprender a viver um dia de cada vez, que ia ser longa a nossa estadia ali, mas que quando eu estivesse naquela encubadora eu só trouxesse energia positiva, por que ia ser dessa forma que ela ia me sentir e eu seria a pessoa capaz de incentivá-la e impulsioná-la a lutar pela vida. Disse que ali eu não derramasse nenhuma lágrima e que da porta pra fora da UTI eu podia despejar todas as lágrimas que eu quisesse, mas que ali eu não podia fazer isso, que eu tinha que só trazer energias positivas. E foi com essa primeira exigência que eu me sustentei todos os dias que ficamos na UTI, porque o meu mundo podia acabar do lado de fora, podia estar sendo muito difícil, podia estar sendo muito doloroso, mas ao lado dela eu era forte, eu incentivava, cantava, eu só trazia coisas boas, eu falava...
As pessoas queriam saber, achavam que a gente não estava relatando tudo que estava acontecendo, as pessoas ficavam curiosas, as pessoas queriam entender tudo que tinha acontecido e, assim, era um momento muito nosso, não dava... A gente estava distante da família, a gente não tinha ninguém, então a gente tinha que se reorganizar, a gente precisava de espaço, a gente precisava viver aquele momento, então a gente se conteve muito à exposição. Toda vez que as pessoas mandavam mensagem, que falavam que estavam orando, eu chegava na encubadora e falava para ela, eu falava dos avós, de quantas pessoas estavam esperando por ela, torcendo por ela, que ela era a minha pequena guerreira, que ia dar tudo certo.


Mamãe em Construção: Quanto tempo a Marina ficou na UTI até ela ter alta? Como foi e o tempo que foi para vocês voltarem ao Brasil? E onde vocês ficaram enquanto a Marina estava no hospital?


BellaPor um tempo ficamos na casa de amigos que moravam lá e depois fomos para um apartamento que alugamos de brasileiros.
A Marina ficou 109 dias na UTI, depois que ela recebeu alta foram mais 3 semanas que a gente ficou lá em Nova Iorque porque os médicos estavam estudando a melhor possibilidade dela voltar. Eles explicaram que a pressão do avião é diferente da pressão normal, como ela teve esse problema pulmonar então eles tinham que ter certeza de que o voo seria tranquilo. Se fosse um voo de 3 horas, o médico explicava para gente, que eles não se preocupariam tanto, mas como era um voo de 8 horas seguidas, então essa foi a grande briga pra gente voltar. A gente ficou mais 3 semanas estudando a melhor forma e até para ver como ela reagiria nessas 3 semanas em casa para ver a melhor forma para voltar para o Brasil. 
Uma das médicas de Marina inclusive brinca que quando ela crescer a gente tem que contar para ela que ela nos fez refém em outro país, por que era a nossa realidade lá, a gente não podia voltar pra casa, pois era ela que nos segurava lá. Só podíamos voltar quando ela estivesse pronta.
E a gente se manteve como pode lá, felizmente, eu era empregada em 2 lugares, o meu marido tinha o emprego dele estável. Então o meu auxílio maternidade ajudou bastante a gente. Tudo que a gente recebia no Brasil era convertido para dólar e reduzia pela metade, mas foi uma fase de abrir mão de muita coisa e a gente sobreviveu. Deus nos orientou, colocou anjos na nossa vida, pois eu não posso esquecer, jamais, das pessoas que cruzaram no nosso caminho nesse tempo que nos ajudaram de todas as formas, tanto com apoio, com ajuda financeira, com tudo. Então foi tudo muito bem providenciado, os amigos, extremamente prestativos em tudo, e a gente conseguiu superar essa fase sem danos.

Mamãe em Construção: Vocês ainda tem contato com os médicos dela nos EUA? Ela ainda tem um pediatra lá que vocês entram em contato ou tudo foi passado para um médico no Brasil e agora na Alemanha?
Bella: A gente tem um vínculo muito grande com os EUA, porque como a UTI de lá é diferente daqui do Brasil a gente podia ficar 24 horas dentro da UTI. Eu chegava às 8h na UTI e saía às 8h da noite, então, praticamente, eu vivi dentro daquela UTI e às vezes a gente saía um pouco mais cedo, às 18h, e voltava à noite, para o banho da noite para poder levar leite. Eu amamentei Marina até 5 meses, então eu retirava leite e ia levar no hospital. A gente vive, praticamente, lá dentro, constrói uma família não só com os profissionais de saúde como também com as amigas que a gente faz lá na mesma situação, que a gente se espelha, que a gente se apoia.
Marina teve uma enfermeira que recebeu ela na UTI que marcou muito pra gente, a gente chama até que ela é avó de Marina, avó postiça de Marina, ela é uma enfermeira que faz parte da equipe do hospital há muitos anos, é a segunda enfermeira mais velha. E ela tinha uma relação de cuidado com Marina de neta mesmo, então a gente se afeiçoou a ela. Ela é filipina, mas como eu não falava bem o inglês ela se esforçando para falar o português, aprendeu algumas palavras e ela é nossa família. Então o canal de contato da gente com os EUA é a partir dela. 


Lá eles tem uma coisa muito bacana de que eles sempre levam as crianças para verem os profissionais, a relação de cuidados deles é impressionante, desmitifica totalmente aquela ideia de que o americano é frio, pelo contrário, eles foram extremamente calorosos e carinhosos com a Marina e com a gente. A gente tem contato, no final do ano todas as crianças que nasceram lá mandam um cartão de natal com a foto. A gente manda foto, manda pra Rose, manda vídeo dela, a cada etapa que ela supera a gente envia vídeo e eles ficam felizes, eles comemoram, eles perguntam, tenho eles no meu facebook. Falam quando é que a gente vai levar ela lá e criou um vínculo que é até difícil de descrever, porque quem vive dentro de um espaço, principalmente uma superação de dor, você cria um laço que você não consegue enxergar.
Quando chegou no Brasil, como a gente já estava de transferência para Alemanha, a gente ficou 1 mês e meio só no Brasil, foi muito rápido. Então Marina foi avaliada por um pediatra em Brasília, um em Rio Branco no Acre e um em Recife.
Ambos os pediatras surpresos com todo o histórico dela por tudo e como ela está, pois ela superou tudo, aparentemente, sem nenhuma sequela, mas eles não podiam receber o histórico dela, por que a fase de desenvolvimento dela ia acontecer aqui na Alemanha.
Então aqui ela tem um pediatra que foi quem avaliou ela inicialmente, inclusive aquilo de que deveríamos procurar profissionais que ajudassem no desenvolvimento dela não aconteceu, lá no Brasil a gente ouviu de alguns pediatras que a gente deveria procurar profissionais para assistir, mas quando ela chegou aqui na Alemanha, como eu tinha esse medo da gente ficar esse 1 mês e meio sem assistência, eu meio que aproveitei que eu sou psicóloga infantil e associei algumas técnicas de motricidade e comecei a desenvolver ela em casa. 
E quando ela foi avaliada na Alemanha o médico achou que não era necessário ela passar por etapas de desenvolvimento com fisioterapeuta, porque o que eu estava fazendo em casa estava sendo suficiente, ela estava se desenvolvendo muito bem. Ele inclusive falou que para a idade dela, ele pelos menos com ela, nunca usou a idade corrigida, eles nunca enquadraram ela dentro da idade corrigida, pelo contrário, o pediatra dela falava da idade dela de nascimento realmente. Ele dizia que para o idade dela de nascimento ela estava um pouquinho a menos, inclusive tinham bebês que tinham a idade dela que não faziam coisas que ela fazia, então aqui ela não foi classificada dentro da idade corrigida, então ela continua com a idade dela de nascimento e eu continuei desenvolvendo ela em casa.

Foi refeita todas as baterias de exame e até o momento, Marina está com 1 ano e 4 meses, ela não apresentou nenhuma sequela, nenhuma sequela motor, nenhuma sequela sensorial, foi feito exame de olhinho, de ouvido, de tudo e aparentemente o desenvolvimento dela está dentro do adequado. Inclusive, aqui eles fazem o controle até os 9 meses, depois eles não pesam e nem medem a estatura, só com 2 anos, sabemos quanto ela está pesando porque eu peso na balança em casa, mas a gente não sabe quanto que ela está medindo. Mas quando vemos ela perto de crianças da mesma idade, ela não aparenta diferença. No início as pessoas sempre perguntavam "ah ela é tão pequenininha" , mas agora ninguém fala mais.

-> Essa parte é a melhor!!!

Pelo contrário, você está ouvindo, eu tenho uma super encrenqueira que quer participar de tudo, quer falar inclusive. 


-> Gente, todo o tempo da entrevista eu escutei todos os barulhinhos e bagunças que a Marina estava fazendo na casa e ri muito, pois a Bella algumas vezes tinha que parar para atender as artes que a mocinha estava fazendo. A maior fofura do mundo!

Eu queria acrescentar mais um coisa, que isso fez uma diferença muito grande quando a gente ficou sabendo, nós só ficamos sabendo disso quando Marina já estava prestes a ter alta na UTI. A nossa enfermeira relatou pra gente que quando Marina nasceu que receberam o telefonema lá no NICU de que ela tinha nascido em tais e tais condições, foi acionado uma ambulância pra ir resgatá-la, só que a médica e a enfermeira que estavam de plantão que é outro anjo que tem na nossa vida que é a Kathleen, a médica foi a Sarah, elas se olharam e disseram que tinham que ir. E elas por conta própria pegaram os equipamentos, entraram dentro de um táxi, e chegaram em 15 minutos lá no hospital onde Marina nasceu. 
Então, eu gosto sempre de relatar isso, porque depois que Marina já estava perto de ter alta, a gente se deu conta de que isso fez uma diferença muito grande, porque a ambulância só chegou 40 minutos depois no local e elas chegaram 15 minutos depois, e foram elas que conseguiram estabilizar Marina naquele momento. E o que aquela enfermeira falou pra mim de que ela tinha que se chamar um milagre, eu concordo. Ela ficou, inclusive, durante muito tempo conhecida no hospital, as médicas vinham pedir para relatar o histórico dela, faziam um relato científico do nascimento dela, porque ela tinha sido um milagre. Então eu sempre conto essa história de que essas médicas fizeram a diferença e que se elas não tivessem chegado antes, talvez Marina ou não estivesse aqui ou fosse diferente, então eu sou muito grata a tudo isso. 
No dia que teve alta da UTI, até acho muito bacana isso que eles vivenciam lá, eles chamam de volta olímpica. A gente quando estava lá durante esses 3 meses e meio, a gente viu muitas voltas olímpicas, se emocionou muito com a partida dos bebês. Quando um bebê vai receber alta da UTI a enfermeira que é responsável por ele vem, arruma ele, é quem veste ele, quem dá o banho e aí depois ela sai fazendo uma volta olímpica na UTI, passando pelo braço de todas as enfermeiras, de um braço passa para outro, de um braço passa para outro e elas vão se despedindo. Pois como eu falei lá, elas criam um vínculo afetivo muito grande e assim para os pais é muito emocionante ver eles fazendo essa despedida, o quanto é importante para eles e assistir tudo isso, e para os pais que ainda estão lá é muito bom, porque é como se fosse uma dosagem de esperança. Eu brinco sempre que todas as voltas olímpicas que eu assisti, inclusive de bebês mais próximos a gente, eu me emocionava, chorava muito, porque dava uma esperança de que sua nossa hora ia chegar, era mais ou menos isso, além da felicidade de você estar de um bebê estar tendo alta, você criava uma parcela de esperança dentro de si, então eu acho um momento muito bacana esse momento da volta olímpica.
E quando terminou a volta olímpica, a gente foi pro quarto para esperar a papelada da alta, uma das médicas, que foi a médica que recebeu ela primeiro, na UTI eles fazem rodízio de médicos, Marina teve 4 médicos responsáveis por ela nesse tempo que estava na UTI, e a primeira médica que foi responsável por ela, que foi aquela médica que me disse que só pensamentos bons e aquela coisa toda que foi a Annemarie, ela esperou um momento que eu estava sozinha no quarto e foi até o quarto e quando ela chegou me pediu para tirar uma foto de Marina, pois ela queria ter uma foto de Marina. E eu falei "tudo bem, Annemarie, pode tirar". Nesse aspecto eles são extremamente reservados e quando ela tirou a foto, ela olhou pra mim e disse que gostava de ter a imagem de todos os milagres que passaram pela vida dela. Naquele momento eu fiquei muito emocionada, porque eu acho que quando, principalmente por ser um profissional de saúde, acho que quando um profissional de saúde reconhece que excedeu a ciência, que óbvio que ele fez o que estava ao alcance dele, que as circunstâncias fizeram a diferença, eu acho que isso dá uma injeção de ânimo no ser humano para vida de uma forma diferente, você passa a enxergar as coisas de uma forma diferente. 
Eu sei que desde o início a concepção de Marina já foi uma concepção muito esperada, muito desejada, com surpresa, eu achava que aquela descoberta de que eu estava grávida teria sido a grande surpresa da minha gestação, mas não foi, a grande surpresa foi essa espera. Por que quando você é mãe UTI, na verdade a gente continua a gestação dentro da encubadora, então eu gestei mais aqueles 4 meses de vê-la desabrochar, de vê-la fora do meu corpo, de muitas vezes querer pegá-la e colocá-la dentro da minha barriga de novo para ela não sofrer tudo aquilo que estava sofrendo. Mas a gente tem uma força que a gente não sabe explicar, eu tive uma amiga que na época ela desejou que Marina passasse por tudo isso bem, depois, recentemente, ela teve um filho prematuro e ela chegou para mim esses dias e falou assim "olhe Bella, quando você estava lá na UTI eu imaginava como difícil estaria sendo, mas depois que eu passei por tudo, só sabe o que a gente vive quem realmente vive dentro de uma UTI". E assim, pra mim, pode ser 3 meses, pode ser 1 dia, pode ser 2 dias, o fato de uma mãe assistir o filho dentro de uma encubadora, é um sentimento que só quem vive consegue descrever.


Como você pode ver, eu ainda me emociono muito porque é algo muito forte, eu, hoje sempre evito falar, eu não digo mais que Marina é prematura, é muito difícil eu dizer que ela é prematura. Eu tento desvincular de tudo isso, eu acho que ela tem que crescer com a ideia de que ela é uma criança sadia, normal, que foi tudo bem, que o nascimento dela só trouxe felicidade. Eu sempre tento mostrar por esse lado para ela, inclusive, quando eu falo e ela está por perto e às vezes eu choro, aí ela chora também, então eu não vejo isso como algo bom. Por isso, hoje em dia, eu evito falar e por isso que eu enrolei tanto na entrevista.
Eu espero que o meu depoimento ajude outras mães que possa dar apoio, eu sempre tento ajudar outras mães de prematuros que me procuram, no sentido de dar apoio, pois o apoio é muito importante para quem está passando esse momento. 

Mamãe em Construção: Como é a vida da Marina agora, ela necessita de algum cuidado especial por ter sido prematura extrema? Ou somente aquele cuidado normal excessivo de mãe?
Bella: Hoje em dia ela não tem nenhum cuidado especial, eu não sou aquela mãe cuidadosa ao extremo, excessiva. Quando ela saiu do hospital parei de pensar nela como prematuro extremo, ela vai ter uma vida normal, eu vou oferecer coisas a ela que uma criança normal teria tido. Então, eu sempre conduzi tudo, na minha criação, dessa forma, óbvio que tudo com parcimônia, mas Marina brinca no chão, eu não sou aquela mãe paranoica, porque ela é prematura, pelo contrário, ela é muito forte, muito resistente. Desde que chegou aqui ela adoeceu, algo mais sério, uma vez só, que pra gente é bom, pois desde que ela saiu da UTI ela teve só isso, que precisou de uma intervenção médica, a única coisa foi isso. E ela é muito desenvolvida, falando em termos motor, algumas mães me procuram, querem saber o que é que eu faço em casa. Eu brinco muito com ela, o fato de eu passar essa temporada na Alemanha me deu a oportunidade de ficar 24 horas com ela, então eu sempre estimulo como eu posso e brinco, faço atividades que ajudam no desenvolvimento dela. Ela está andando, sentou muito antes do previsto, engatinhou. 


As pessoas antigamente me perguntavam, porque ela era muito pequenininha, hoje a gente não consegue verificar a diferença dela para as crianças da mesma idade e as pessoas ficam impressionadas quando a gente diz que é prematura. Ontem mesmo nós fomos na casa de um casal que conhecemos aqui, de alemães, e a esposa é enfermeira neonatal, ela brincando com Marina perguntou de quando ela era e a gente falou que ela era prematura e ela não acreditou, disse que trabalha com isso e que jamais olhou pra Marina e disse que ela era uma criança prematura, pois pelo fato dela conviver ela consegue identificar.


As pessoas se surpreendem quando a gente diz que ela é prematura, principalmente, porque é prematura extrema. Mas eu tive muita sorte e fui muito abençoada, porque aquele primeiro momento que a médica me relatou que ela podia não andar, que ela podia não falar, eu não pensei nessa forma. Eu coloquei na minha cabeça de que se Deus iria me dar um bebê que não pudesse andar e falar eu iria aceitar de coração e Ele me presenteou com uma criança extremamente ativa, saudável, que é uma alegria na nossa vida. A Marina é uma criança muito alegre, a gente fica encantado, porque passou tudo que passou, todo o sofrimento, ela é uma criança muito alegre, ela é muito ativa, curiosa, cada dia uma novidade, a gente ri, se surpreende muito com ela, ela é muito expansiva, até hoje nunca estranhou ninguém. O fato dela estar longe da família fosse influenciar isso, mas ela praticamente se joga para as outras pessoas, quando vê outra criança grita "êêêê", bate palma, adora uma bagunça, uma festa, então a gente só se sente abençoado por tudo.

Mamãe em Construção: Como foi pegar a Marina pela primeira vez?
Bella: Então segurar ela pela primeira vez só aconteceu 10 dias depois que ela tinha nascido e eu não esperava porque como eles sempre tem muito cuidado para retirar o bebê da encubadora quando ele está entubado, eles evitam mesmo, só que nesse dia ela estava tendo um dia muito instável, a oxigenação estava oscilando muito e uma enfermeira que estava de plantão foi conversar com a médica para saber se poderia tirá-la da encubadora para poder colocar um pouco no meu colo para ver se ela se acalmava... e foi assim que eu segurei ela pela primeira vez, meio de surpresa, eu tenho uma foto mordendo a língua, por que eu estava muito ansiosa, com medo de segurar ela, porque a gente fica meio vulnerável por ser tão pequenininha, por estar com tantos fios, tantos tubos, a gente fica com medo de machucar. 
Só que essa enfermeira achou que colocando ela em mim ia acalmá-la, pois a respiração dela estava oscilando muito, a enfermeira achava que ela estava nervosa, insegura e quando eles colocaram ela em mim a respiração dela estabilizou e foram uns 30 minutos mais emocionantes naquela UTI. Foi quando eu senti pela primeira vez... ela veio agitada e se aconchegou no meu colo e fez o canguru e ela ficou ali quietinha, paradinha, uns 30 minutos e ela ficava meio que me beliscando com a mãozinha passando.  

Foi uma espera de 10 dias... você assistir sua filha durante 10 dias, não poder pegar, no máximo que eu conseguia fazer era abrir um pouco a janela da encubadora e colocar a mão nela, mas até isso eu ficava com medo, pois ela era muito frágil. Então foi uma espera e um momento muito emocionante pra gente, tanto pra mim quanto para o meu marido. De repente você esquece que está dentro de uma UTI que em volta tem não sei quantos bebês, que tem uma equipe médica pra lá e pra cá e fica tudo silencioso e fica só você e ela, é um momento indescritível.



-> E essa é um pouco da história da Marina, na verdade, só o começo da história linda de vida que ela terá pela frente.
Lembro como se fosse hoje quando a Bella colocou no facebook que a Marina tinha nascido em Nova Iorque, foi pedir a Deus que os protegessem, que tudo de melhor acontecesse. Lembro de brincar com a Bella dizendo que na verdade a Marina queria ser muito chique e dizer que nasceu nos Estados Unidos, pois eu imaginava o quanto ela deveria estar nervosa e ansiosa para que o tempo corresse e a Marina saísse logo daquele hospital e aliviar aquela tensão era uma forma de ajudar, além da oração. A gente que não passou por momentos de UTI só pode imaginar, não tem como mensurar, mas é indescritível como uma mãe consegue se compadecer e sentir um pouco a dor de outra mãe, e foi isso que aconteceu comigo e com certeza aconteceu com cada um que leu essa história.
E agora cada um de vocês poderá dizer, eu conheço um milagre e ele se chama Marina.

Muito obrigada, Bella e Raphael por permitir contar essa linda história aqui no blog, por ajudar outros pais que podem estar passando pelo mesmo que vocês passaram, por mostrar uma criança linda, forte, saudável e guerreira desde o primeiro minuto que resolveu vir para esse mundo. Muito obrigada!!!

Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. Caracaaa Sabrina... Que historia emocionante!!!
    Posso imaginar o que ela passou todo esse periodo, simplesmente faltam palavras.
    Desejo muita saúde para Marina, que ela continue essa criança saudavel e feliz!
    Beijos

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    Respostas
    1. É de pirar mesmo. A gente quando as pequenas ficam com uma dorzinha já enlouquecemos, imagina todos esses dias de UTI... Obrigada!!!! bjsss

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  2. Linda história. Obrigada por compartilhar conosco

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    Respostas
    1. Eu que agradeço a tua participação por aqui e fico feliz por teres gostado. Essa história é uma grande esperança para nós, né?!. Beijos

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