As mulheres ao lado dos "super pais"

super mulheres

Ultimamente temos vistos vários super pais, os que realmente fazem por onde e outros que a mídia colocou assim. Temos o Rodrigo Hilbert que extrapolou a parte super pai, para super marido, super homem, claro tem a parte das brincadeiras, mas nos deixa com aquela perguntinha "e por qual motivo não focaram na 'super mulher' que está ao lado dele?" 
Sou aquela que levanta a bandeira para a paternidade ativa, que os homens entendam que o mesmo que a mulher faz o homem pode e deve fazer. Que pai não ajuda! Inclusive já rolou por aqui a Semana da Paternidade Ativa que entrevistei alguns pais que se mostram super presentes e participativos na vida dos filhos. 
Mas acredito que um pouco desse endeusamento perante os pais que apenas fazem o seu papel seja pelo grande resquício de machismo que ainda temos na nossa sociedade. Por qual motivo o cara que troca a fralda dos filhos é chamado de paizão e a mulher que faz o mesmo e até mais (normalmente) pouquíssimas vezes escutará que ela é uma mãezona? 

E pensando nisso eu resolvi chamar duas mulheres que eu admiro muito por inúmeros aspectos, mas que por coincidência elas também são conhecidas como as "mulheres" de dois "super pais", a Ana Cardoso (A Mamãe é Rock), que divide a dádiva de ter duas lindas meninas juntamente com o Marcos Piangers (O Papai é Pop) e a Simone Chagas (@sichagas) que divide as felicidades e loucuras de ser mãe de duas Marias com o Edu (@paidasmarias). 

1- Como veio a maternidade pra ti? Tu já te achavas preparada para ser mãe?

Ana: Eu não planejei ser mãe. Então, foi uma surpresa. Não existe um preparo pra ser mãe. É muito instintivo cuidar de outro ser, pequeno e frágil. Quanto mais conhecimento e paciência você tiver, melhor. Vontade de ter filhos não vem acompanhada de informação e autoconhecimento, o que é uma pena para as crianças.

empoderamento feminino

Simone: A Maternidade sempre foi um sonho meu, sempre me achei super tia, mas sabia que ser mãe era algo mágico e que só sendo para saber srsrsrs 
Passamos 4 anos tentando e todo mês era aquele sofrimento, eu e Eduardo passamos por cirurgias e nos demos um prazo para que eu engravidasse. Eu tinha certeza que seria mãe, talvez não biológica, mas MÃE ! estava preparada, bastava o grande dia chegar e ele chegou com a descoberta da minha gravidez de Mª Antonia.

empoderamento feminino

2- Tu e o teu marido conversaram como gostariam de educar os filhos e como seriam as atividades de vocês, antes das meninas nascerem?

Ana: Quando estava grávida, eu não fazia a menor ideia de como seria. Assim, não conversava muito não. Eu só planejava umas coisas, do tipo, vou voltar pro meu grupo de pesquisa da faculdade logo que ela tiver 3 meses, o que rapidamente se mostrou impossível. Assim como várias outras coisas.

Simone: Pensamos bem parecidos sobre como gostaríamos de educar nossos filhos, hoje sou mais exigente que ele, sou a “chata” da casa, muito mais pela imposição do que por pensarmos diferente. Eduardo parece um criança também kkkkkkkkkk 

Sobre nossas atividades, não planejamos a inversão de papeis em casa, teve que ser! Aconteceu tudo junto... o nascimento de Maria e o fechamento da empresa de Eduardo. Nunca encaramos como algo “diferente” e nem programado, pois foi tão natural que quando percebemos já tinha acontecido.

3- O teu marido é visto como o melhor pai de todos, o pai perfeito, mas onde achas que és a responsável por essa possibilidade dele ser assim? Quais foram as tuas ajudas e auxílios (dizer pra trocar fralda, dar banho, colocar pra dormir...)?

Ana: Primeiro é necessário dizer: ele não é o melhor pai do mundo. Ele apenas gosta de criança e entendeu que a responsabilidade sobre os filhos e as tarefas da casa precisam ser divididas. Talvez isso seja muito na sociedade patriarcal em que vivemos. Eu acho que tem muito pra melhorar ainda. 

Simone: Sinceramente falando... não existe “pai perfeito” todos tem suas falhas e o que serve para as minhas filhas, pode não servir em outras famílias. 
Quando Maria nasceu os primeiros meses eu não aproveitei muito e nem colaborei como eu gostaria, pois por questões de saúde fiquei limitada. Só pude amamentar 1 mês e isso contribuiu para que o pai pudesse estar mais presente, afinal ele poderia dar as mamadeiras, já que ela não mamava. Senti muita falta desse primeiro contato com ela, mas graças a Duda pude compensar. Quando voltei a  trabalhar, Eduardo precisou fazer as atividades sozinho, pois elas precisavam dele e ele delas rsrsrsrs 
Sou muito mais presente do que possam imaginar, só que por uma decisão minha, não quero que ele fique falando. Sou mais discreta, tanto nas minhas redes sociais como na dele. Sempre foi e é uma parceria, somos pai e mãe por igual. Trocar fralda, dar banho, dar as refeições.... tudo isso fazemos, ele com uma maior frequência, pois passa mais tempo com elas do que eu.  
Não acho que sou responsável pelo “super pai”, ele é por mérito dele. Tanto que quem tem que aprovar isso ou não são as Marias e acho que é notório o amor e admiração que elas tem por ele.

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4- Quais são as frases e afirmações ditas pra ti as que mais te incomodam sobre o enaltecimento dos homens e esquecimento das mulheres na relação de paternidade e maternidade?

Ana: Essa semana a Folha de São Paulo fez uma matéria sobre pais maravilhosos que trabalham e também escalam, mergulham e/ou cuidam de plantas. O que isso tem a ver com a paternidade? Eu não entendo. Acho válido os pais se proporem a passar mais tempo com os filhos, dividir as tarefas, cuidar mesmo. Tem muito pai maravilhoso por aí, mas tem muito pai de selfie, pai gerente (aquele que aparece de vez em quando só pra monitorar se a mulher está fazendo tudo direitinho) e muito muito pai ausente. Mãe ausente? Nunca conheci e olha que eu conheço mais de mil.

Simone: ‘VOCÊ TEM SORTE DE TER UM MARIDO COMO ELE”
“VOCE DEVERIA AGRADECER TODOS OS DIAS PELO BOM PAI QUE ELE É”
Tem outras, mas essas são as mais comuns.

5- Em qual momento tu te sentes ou te sentiste uma super mãe?

Ana: Nunca. Eu me acho bem mediana. Não encaro a maternidade como desafio pessoal, não quero ganhar essa gincana. Tento passar meus valores pra elas, com exemplos e conversa. E muita brincadeira porque não sou uma pessoa muito formal ou séria. Eu me importo mais com a felicidade delas, com o fato de serem carinhosas e gentis do que com o que os outros pensam. Não faço festas de aniversário nem assino a agenda da escola. Também não abro mão da minha vida pessoal porque sou mãe. Eu viajo a trabalho, saio com as amigas pra tomar chope sempre, me permito fazer muitas coisas sem filhos. A gente brinca que tem a guarda compartilhada das gurias. Se o Marcos está viajando esta semana, pode ter certeza que na próxima todos os banhos, as tarefas e o "levar pra cima e pra baixo" serão com ele.

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Simone: SEMPREEEEE !! Sou a melhor mãe que as minhas filhas poderiam ter!! Faço o meu melhor por elas. Sempre digo as minhas amigas... Mesmo quando erramos, afinal, também não somos perfeitas, não devemos nos culpar, pois estávamos tentando acertar. Somos Super mães, sempre!!  
Mas o “momento” mágico foi quando ouvi o choro de Maria Antonia. Duda não tive essa oportunidade, pois não a vi nascer, estava anestesiada. Mas de Duda ... ahhh minha Dudinha, é ouvir ela chamando “minha mãe” “minha mãe, cadê você”

Agradeço demais essas lindas por essa entrevista tão verdadeira, sincera e realista que me deram. 
Temos sim que apoiar os pais para que sejam cada vez mais participativos, mas também devemos valorizar essas mulheres fortes e que muitas vezes tem que abdicar de suas vidas como imaginavam para serem mães.


PS: Os papais já tiveram voz aqui no blog, confiram a entrevista com o Marcos Piangers que participou da Semana da Paternidade Ativa e o Edu contando mais do que conseguimos ver pelas fotos do instagram. 

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