E para darmos continuidade à Semana Paternidade Ativa, eu convidei o Paulo para participar.
Vocês devem estar se perguntando, "mas quem é o Paulo".
O Paulo, eu acho, que foi um dos primeiros pais participativos que eu realmente tive contato, aquele que troca fralda, dá leite, dá banho e mais um monte de outros itens importantes.
O Paulo é o meu compadre, ele é o pai da Giovanna, minha filhada, é padrinho da Malu, biólogo e uma figura, ah sim e, principalmente, casado com a minha cunhada.
Então, vamos à entrevista.
Mamãe em Construção: Sempre tivestes vontade de ser pai?
Paulo: Não. Para mim a vontade de ser pai acho que foi uma consequência natural de uma série de eventos. Após o casamento, após um período sem planos de ter filhos em mente, a Rafa e eu começamos a conversar sobre o assunto e decidimos que era o momento de tentarmos. Durante este período, comecei a me imaginar como seria ser pai, e decidi que gostaria de ser o melhor pai possível.
Mamãe em Construção: Em qual momento resolvesse ser um pai participativo, que estaria completamente presente na vida dos teus futuros filhos?
Paulo: Desde o momento que a Rafa e eu decidimos que queríamos ter um filho. A decisão de ser um pai participativo veio antes de ter contato visual com a Giovanna. Queria saber tudo e ajudar em tudo mesmo ela ainda estando dentro da Rafa. Felizmente, em função dos horários marcados, consegui ir a praticamente todas as ultrassonografias. Nestas consultas, a médica/ginecologista/obstetra da Rafa, sem ela estar presente, me perguntava como a Rafa estava se comportando, pedia minha ajuda e assim cada vez mais eu ia me envolvendo. O nascimento da Giovanna, neste sentido, resultou em uma continuação de cuidados que eu já tinha antes dela nascer e que continua até hoje.
Mamãe em Construção: Como foi ver a Giovanna pela primeira vez?
Paulo: Acho que para mim, assim como para muitos, o conceito “pai” se realiza no parto. As mães já sentem o bebê se mexendo, mas nós pais quase nunca sentimos de fato o bebê, até porque eles cismam em ficar imóveis quanto tentamos senti-los (“poder de imobilidade” que desaparece com o nascimento).
Por isso, ver a Giovanna pela primeira vez foi de fato o primeiro real contato com ela, uma alegria imensa e um desespero igualmente grande se eu teria (principalmente) jeito de cuidar de um ser tão pequeno e tão frágil.
Mamãe em Construção: Tu sabes que fostes um pouco da nossa inspiração de como queríamos que a paternidade ocorresse aqui em casa. Qual foi o momento mais difícil de ser tão ativo: trocar fralda, dar banho...?
Paulo: Fico feliz de saber que servi como modelo de paternidade. Na verdade, encarei a troca de fraldas, banhos e outros eventos novos como oportunidade de vivenciar o desenvolvimento da Giovanna. Para mim, uma das maiores dificuldades foi conciliar a vida profissional (manhã e tarde) com a vida paterna (noite e madrugada), uma vez que (ainda) não existe licença paternidade com a mesma extensão da maternidade. Por exemplo, nos primeiros dez dias em que estava de licença dei todos os banhos na Giovanna, mas após este período não consegui mais faze-lo pois chegava muito tarde em casa.
Mamãe em Construção: Tu como pai também também achas que sentes culpa em alguns momentos como algumas ou a maioria das mães? Em quais?
Paulo: Não lembro de me sentir culpado. O que sinto geralmente é um grande senso de responsabilidade. Em situações onde sei que ela ficou (ou poderia ficar) triste por algum motivo, e que por isso talvez eu pudesse me sentir culpado, opto por conversar com ela e mostrar para ela um outro modo de ver a situação. De vez em quando, para não deixa-la triste, mudo o foco e proponho outra opção para ela. Entretanto, tem outros momentos em que ela fica triste por ser contrariada, neste caso, mesmo sabendo que a situação não a agrada, não me sinto culpado pois sei que o que estou fazendo é o melhor a ser feito naquele momento. Educar (infelizmente para ela e para mim) não é deixar ela fazer tudo o que quer, mas dar os devidos limites e explica-los.
Mamãe em Construção: A ajuda e estímulo da esposa é importante para ser um pai participativo? Porquê?
Paulo: Acho que ser um pai participativo de fato depende da ajuda e de certa forma do estímulo da esposa. Depende da ajuda da esposa no sentido de propor atividades que talvez eu não propusesse de imediato como brincar com alguns brinquedo (geralmente a minha proposta inclui brincar chão, brincar de bola e de correr com ela). Quanto ao estímulo da esposa, acho que tão importante quanto estimular é não desestimular e confiar que o pai terá tanto cuidado com o filho, uma vez que ambos são igualmente responsáveis (no sentido amplo da palavra).
Mamãe em Construção: Porque achas que ser presente é importante para a vida da tua filha?
Paulo: Estar presente na vida dela é importante não só para minha filha mas para nossa relação como um todo, pois cria momentos de cumplicidade o que dá a possibilidade de transcender apenas o status de pai, mas também o de amigo, confidente,...
Mamãe em Construção: O que a Giovanna te ensinou nesses 5 anos?
Paulo: A Giovanna nestes 5 anos me ensinou a ser mais responsável, a ser ainda mais prudente (quando por exemplo estou com ela no carro), a otimizar ainda mais o meu tempo para poder curtir cada momento (que já neste cinco anos, passaram muito rápido) e a me fascinar com pequenas mas importantes mudanças (como os primeiros passos, o primeiro dente, a vontade de querer aprender a ser independente, ...).
Mamãe em Construção: Um recado para os papais que nos leem.
Paulo: Aproveitem cada momento com seus filhos para que vocês possam ser grandes amigos/companheiros/cúmplices deles.
Paulo, só tenho que te agradecer muito por teres topado participar dessa semana tão importante aqui no blog. Pois como já disse em outros posts, precisamos que cada vez mais os pais se sintam parte da criação dos filhos como um todo e não apenas como expectadores das decisões das mães.
E preciso dar o meu relato referente ao Paulo, a minha cunhada teve que fazer uma cirurgia arriscada para o nascimento da Giovanna, não foi apenas uma cesárea comum (ela já contou aqui no blog), então como ela perdeu muito sangue e o corte era muito maior, ela não podia fazer qualquer esforço. Quando a Giovanna chegou da maternidade, ela precisava de um banhinho e foi quando o Paulo disse que ele daria. E assim foi, eu só o ajudei entregando sabonete e a toalha no final, tudo ele dizia "me ensinem que eu faço". E isso foi muito bacana, pois vou dizer, que eu nunca tinha visto um pai com essa atitude antes, normalmente, quando tem ajuda de madrinha e avó eles aceitam delegar, mas o Paulo não, muito pelo contrário, ai de ti que quisesse fazer.
Parabéns, Paulo, por seres um pai tão legal, amoroso e participativo para a Giovanna!
Vão me dizer se não foi legal conhecerem o Paulo?
Como irmã do Paulo sempre soube que ele seria um paizão! Sempre dedicado e preocupado com a Gigi. Beijos!
ResponderExcluirPois, então, quando ele falou na entrevista que nunca tinha pensado em ser pai eu quase não consegui acreditar, pois ele é muito paizão. Bjsss
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